DESEJO

- O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER???

Às vezes me pergunto; às vezes me perguntam...

Não sei exatamente.

Mas sei que não quero aparecer na TV, no noticiário das 8.

Não por si só!

Não quero uma estátua na praça.

Não quero ser carregado nos braços dos fãs.

Não quero rios de dinheiro.

Não desejo sessões solenes ou outorgas de mérito.

Não anseio por palavras ao vento no púlpito.

Não quero o ímpeto da defesa impensada.

Não almejo os galardões dos profetas.

Tampouco libertar-me dos jugos dos insanos.

Minhas ambições certamente cabem na mão.

Na mão de uma criança.

De um feto recém-parido e morto, em aborto.

São pequeníssimas.

São simples, simplórias, simplíssimas.

São humildes, humilhadas, humilíssimas.

São um verme.

Um verme que me corrói diuturnamente.

Sem dó, nem piedade.

Surge de manhã; desparece com o ocaso.

No crepúsculo é incipiente; hora sim, hora não.

Saliente na alegria; saliento no escuro do breu.

Na certeza da morte, na efemeridade da vida

Uma coisa eu sei: - NÃO DESEJO PALANQUES!

REMI
Enviado por REMI em 22/02/2019
Reeditado em 24/11/2020
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