Tanatologia
Procurei-me como o peregrino do Sul diante de dias intensos e perturbadores,
Encontrei-me que o meu maior presente foi deixado em despedidas e grandes dores,
Senti-me no mais gelado dos ardores,
Quase que eu morri de amores.
Foram dois meses de perseguição de mim mesmo contra quem é,
Todas as minhas ações precipitadas voltam como um tiro no pé,
Foi quem me transformou na pessoa que sou de rabisco em rabisco,
E a lágrima que desce falando teu nome não é de cisco.
Desde todo esse tempo, da despedida infame ao reencontrar luminoso,
De tua lágrima de sinceridade, ao beijo amoroso,
Da tua bronca encantada, ao cafuné bondoso,
Sou dependente, químico, físico e espirituoso.
Quem me conheceu antes de qualquer conquista plena,
Quem me acolheu numa noite serena,
A minha preciosa Athena,
Que apesar de todos os meus sujos nomes nunca teve pena.
A quem eu digo e a quem eu sou,
A quem eu faço e a quem me dou,
A quem eu sei e a quem te vou,
A quem me traz um ato e a quem sempre te amou,
Nesses dois meses foram lições para toda a vida,
Foram tempos de vindas de novos ares e de muitas idas,
Mais um novo véu da bruma em cortina,
Por mais viciante e mais forte o cheiro da creatina.
Obtive obscuridades enquanto sábio e arrastei-me em solidão durante a peregrinação sulista,
Andei tanto em terra árida que eu nem percebi a necrose do gelo em pista,
Igual o encarar da pintura e num piscar está pronto como renomado artista,
Essa é a vida que nunca seremos de casa, somente turista.
Passa-se séculos, anos, milênios e infinidades,
Não importa qual é a data para determinar todas as idades,
A vida foi feita por e para todos os infames confrades,
É uma amante dolorosa que te machuca com todas as verdades.
Que dói e fura com sua espetada de fatos concretos,
Pesa mais que um crente afastando as ruindades com seus credos,
Dói como a linguada no café que acabou de ser coado,
A vida chega para qualquer pessoa, desculpe a sinceridade meu consagrado.
Por favor não desespere só porque eu disse que iríamos morrer e o destino escolhe de forma simétrica,
Decide-se através de um código universal de eterna ética,
Toda morte tem sentido, mesmo que em prosa ou até numa trama poética,
Pois se não tivesse sentido um assassinato, sua morte seria somente sintética.
Olhe em volta e tente focar em qualquer noticiário que não diga sobre o ir e vir de almas,
Admire com todo o pavor que carrega as almas em acidente e desastres quem chegam em calma,
Contente-se que a vida tenta estragar aquilo que foi feito ironicamente para durar e ainda chama de carma,
É uma vida de sofrimento que alguns preferem mais que um céu o mistério da divindade que encarna.
Procurando refúgio no céu, se depara com a nuvem carregada de sangue aéreo de catástrofe do homem,
Procurando refúgio na água, se depara com o rio lamacento que um dia trouxe vida e agora vos afoguem,
Procurando refúgio no fogo, se depara com a queima de inocentes que em agonia vos consomem,
Procurando refúgio na terra, se depara com o barro que um dia foi soprado, porém agora se comem.
Procurando refúgio no humano, se depara com a mão que aperta o punhal que fazem a humanidade que te somem,
E não se soma um mais um que segura um pelo outro, mas somem a ponto de não saber o que é humano que vos punem.
A vida é a vida de experiencia humana,
Mas sempre foi uma consequência desumana,
Consequência de uma vida em eterna em prol de um Divino altruísta,
Amando e sendo amado como pai de um filho autista.
Autista que se encontra no próprio mundo e é normal em seu pensamento do que é o enxergar de realidade,
Transforma qualquer momento em sorriso para expressar sua vontade,
Nosso maior símbolo de estandarte,
É enxergar a vida como arte.
A partir do momento que se perde a capacidade de sonhar em um sucesso,
Você se torna a favor de uma revolução em retrocesso,
Robespierre que o diga quando sua idealidade de revolução não o transformou em exceção,
Todos devem estar preparados para que suas atitudes de inovação,
Levem ao maior ato de vívida traição,
Prepare-se que as suas atitudes são consequências de sua execução.
Aqui venho dizer o que o coração sente e se exime,
Digo-lhes para revogar de qualquer crime,
A culpa é uma faca de bi gumes,
Te levam para debaixo da terra e para o mais frio cume.
Meu protesto é sobre o quanto ser parte dessa sociedade me deixa como o demônio mais humano que existirá,
Minha existência é prova justa de que sou uma estrela que será eterna em seu brilhar,
Minha revolta é conquista de uma teimosia de não querer morrer que me manterá,
Todos estão aptos para serem mais brilhantes que qualquer luar.
Doa a quem doer,
Colha a quem colher,
Viva a quem viver,
Um dia todos nós iremos morrer.
Sempre é tempo de se redimir de seus atos,
Então meus caros,
Deixem que o sangue seja sugado somente pelos carrapatos,
Não sejam desumanos a ponto de estarem humanamente desamparados.
Aqui compartilho o sentido de viver e me dirá que é hipocrisia,
Posso ser louco suficiente para que vida e morte tem sintonia,
A maior vívida ironia,
É a vida ser uma eterna aula de Tanatologia.