A MORTE

Silenciosa e calma

Como outrora foram as ruas;

Decadente como as ruínas das guerras;

Destruidora como as armas.

Que se apressa em te acompanhar nos sonhos

E se esbarrar no meia da rua

Desbrava seus maiores medos

E se esbeira numa cumplicidade inabalável

Te chamando pelo nome

Com propriedade de quem é sábio da alma

E domínio de um mestre superdotado

Assustadora...

Relutada desde o ventre

Desprezada desde quando a luz do sol invadira seus olhos

Temida...

Liberdade da dor - sua própria causa.

Sorrateira, te devora com a voracidade de um faminto

Te suga a alma

Um último suspiro da dor, sendo mastigada

Esses dentes afiados e com fome, sede, vontade...

De causar dor, sofrimento, alívio, torpor...

Angustiante!

Te ultrapassa a esperteza e se encarrega de cumprir o dever:

matar!

Matar!

MATAR!

Lhes fora dada a sentença: morra

A vida te quer mastigada

Fora comida dessa gente humana que habita a terra

E te mata diariamente

A morte!

Doce e cruel!

Sórdida!

Lhe cuspira

Lhe devorara

Lhe matava - aos poucos.

Lhe fizera prato de entrada

Lhe fizera sofisticado

Lhe enfiara os dedos nos olhos até as lágrimas sangrentas te escorrerem o rosto

Lhe matara!

Devagar...

Tiraram sua vida?

Não, nunca

Tiraram a prévia da morte

Lhe puseram na redoma de vermes

A morte!

Que você carregava nas costas

Lhe fizera banquete da noite

Era o fim

A a a...

Meu último suspiro foi dado ao som autêntico da sua melancolia

Dor!

Taças a brindar!