Délire de l'au-delà
Bestialidade - vê o verme sobre a carne
Acasala sobre a morte com escarne
Narcisismo - pois que a carne é sua própria
Ejacula em espírito sobre a anterior escória.
Nefilim - exclama teu pecaminoso vernáculo!
Faz cair a ira de teu avô sobre teu receptáculo
Vigilante - retorna uma vez mais com teus duzentos
Traz a ira de teu pai sobre nós, não teus rebentos.
Traz chuva no dia nono e então nos dez seguintes
Afoga-me com o amor meu, e seremos pro além teus ouvintes
Quanto ao resto, como queira, pegue-os incautos
E seremos, eu e o amor meu, depois do além vossos arautos.
Além - donde o vento às papoulas verte som na gerúsia
Donde o seio de Vênus alimenta o natimorto na indúsia
Ópio - que baforam Crowley e Pessoa ao ditar nossas leis,
Adornados em dentes e ossos de velhas rainhas, os novos reis.
Jazem vivos, jazem mortos, jazem meros rascunhos
Vive-se entre quem feneceu e também quem nem nasceu.
Falecidos dão de ombros, e o abortado cerra os punhos
Irado pela lápide erigida onde sequer um dia viveu.
Há pra toda alma penada porém o mesmo além
Além do pós vida é além do pré também.
Assim creio. Assim dou apelo aos nefilins e vigilantes.
Assim imploro para adentrar aos seus palácios errantes.
E não, não me interessa ver Deus derramar outro dilúvio.
Podem bem deixar-me sair antes, e sentir do corpo o podre eflúvio.
Em bestialidade - vendo o verme sobre a carne,
Acasalando sobre minha morte com escarne.
Em narcisismo - pois que a carne era minha própria
E ejacularei em espírito sobre minha anterior escória.