A quimioterapia sepulcro
Sinta-se à vontade para comentar.
_____________________________
A quimioterapia sepulcro - Henrique de Albuquerque
Deito no chão do quintal quando estou descontente,
minha pele cola no chão,
saboreio o calor do sol rachando meu rosto,
sinto também as ondas de energia fritarem,
ouço os linfomas do meu corpo gritarem...
O suor que escorre em minhas membranas
banha com sal minhas feridas,
o carcinoma no céu da minha boca chora,
eu também choro...
a leucemia em meu sangue borbulha e,
calcinando pouco a pouco meus ossos e artérias
malignamente,
naturalmente,
faz churrasco ao ponto às bactérias!
Eu só continuo,
continuo parado bem de frente,
degusto a cada segundo o líquido
pútrido que exala forte odor da minha faringe e dentes;
urgh,
não, o sabor não é bom – achou que até eu gostaria?
Espere!
Eu poderia continuar assim,
pra sempre,
descontente,
mas vou te contar uma notícia boa:
–Não há notícia boa,
nos córregos do meu corpo muito lixo obsta o barco da alegria,
morrerei em breve.
_____________________________