O NÓ GÓRDIO
Vi os melhores destruídos pela AIDS.
Consumidos pela culpa, pela vergonha.
Eles que apreciavam A Bela da Tarde
Enquanto tragavam baseados de maconha.
Vi meu amigo cego e louco no escuro
De um porão, em completo abandono.
Ele que lera os contos de O Muro,
Único que entendia a arte de Yoko Ono.
Tantos outros apodrecidos por fungos,
Carcomidos por colônias de bactérias -
Amigos que faziam do Belo coisa séria.
Todos sofridos, calados, sem resmungos.
Foram injustiçados pelo Grande Relógio.
Nomes impressos nas manchetes de jornais.
Não puderam desatar a tempo o nó górdio.
Amigos resumidos agora a nunca mais.