Sou fruto dessa insana existência
Sou fruto dessa insana existência
No curto prelúdio da evanescência
Nesse mistério que se chama vida
Perfeitamente desenhada para o sadismo
Inevitável estrada de fatal abismo
Levando ao mundo mais dores nas despedidas
Então observando os mundanos tetos
Aos poucos fortalecendo o meu desafeto
Por aquilo que habita e que logo passa
Vendo abaixo da pele os esqueletos
Encarando a humanidade como gravetos...
...lançados ao fogo e logo serão fumaça
E pus meus olhos pra aquilo que apodrece
Tal atormentado preso em negras preces
Alimentando-me do mundo subterrâneo
Já fatigado dessa vida que tortura
Trilhando a via atra da loucura
Pavimentada de ossos e crânios
E da existência social me esquivo
A insossa e vã convenção dos vivos
Que esvai feito a areia da ampulheta
Presos em um estupido jogo de egos
E a moralidade como um fino prego
Não aguenta o peso de falsas facetas
Fazem política ao véu da hipocrisia
Logrando os tolos com a diplomacia
E pelas costas comerciam a guerra
Um mundo podre de aparência e futilidade
É onde transborda meu ódio pela humanidade
E prefiro os vermes debaixo da terra
Em meu ultimo resquício de lucidez
Prolongo esta aziaga morbidez
Este agouro, desejando a morte
A audiência deste ser medonho
Que não demore o mal que eu proponho
Pois tenho por caridade esta má sorte
Um ser amargo de inclinações nefasta
Encontrei meu lugar na matéria gasta
Sobrecarregado de paixões funestas
No apodrecimento dos tecidos
E para os vermes ser reduzido
Ao prato principal de sua festa
E ser devorado até sobrar os ossos
E que o tempo aniquile meus destroços
Ver por fim meu ultimo anoitecer
E então em rumo a orbe elevada
Será toda minha essencia apagada?
ou hei de desvendar a plenitude do ser?