PÓS MORTEM
Expus essa tela em algum lugar...
Não me lembro do onde
Mas foi há tempos
Uma pessoa disse-me
Dêem-me quaisquer das referências
Pois não vejo nada
Absolutamente nada
Se não tintas alheias em tom bicolor.
Quis-me rir
Pois assim sempre mim vi;
intraduzível.
E sem querença
para uma possível tradução
Estou com os que pensam que
nenhum artista
necessite de tradutor.
Mas Maria estava pálida,
transtornada.
Minha tela a ela era um monstro
do qual ela não sabia absolutamente
nada
nem o por que da sua aparição.
De repente ela estava ali
- como num sonho,
pasmada!
E depois “do silêncio que precede” o urro
me balbuciou;
Dêem-me quaisquer das referências,
pois não vejo nada
se não tintas alheias...
e que por demais
perturba minha alma
E eu não quero isso para eu
Então lhe disse;
Escutai um poema de morte!
E dei-lha a seguinte narrativa;
CORREIOS
OU
PARA ALÉM DO MAIS QUE PESADO
De repente bate uma
depressão
Aí estou sozinho
Em um quarto
É cinza?
É escuro?
É o quê?
De que me vale
agora as cores?
Agora eu sou só.
Sem valorar nada
Então a vida é nada
Então não me vale pessoas;
Nem amigos
Nem parentes...
Menos ainda as coisas
Ou quaisquer dos
meus ganhos
Para que caminho?
Tudo acabou.
Tudo em absoluto.
Até Deus...
Então para onde?
O porquê de quê?
Se houver alguma coisa
mais razoável que o suicídio
É para lá que quero ir
Não é uma questão de fragilidade
Tem mais haver com fortaleza.
Estou falando de finalização
e ponto final
Quem é comigo sabe.
Quem não é, por favor,
Nem um pio
“A dor, a agonia e a
Perturbação
é minha,
minha só,
e de mais ninguém”