Entidade
Entidade do tempo absoluto
Sabe das dores
Dos desamores
Das tramas orquestradas pelo oculto
Frente ao meu singelo ser
Conhece o tom exato do meu grito
Meu choro
Agouro
Sabes o tanto que é finito
Queda do meu sangue, ao escorrer
Expecta minh'alma sendo talhada
Corpo mutilado
Com o cutelo forjado
Em intensa forja alimentada
Pela chama da desgraça
Perfura meus olhos, antes esperança
Sem que reste
Que se manifeste
Nenhum resquício de lembrança
Dos tempos de glória e de graça
Entidade do tempo absoluto
Ouça a prece
Que carece
Do que há de mais arguto
Doce essência da pura dor
Pra que minha pobre alma
Possa descansar
Repousar
Gozando de cabal calma
No sepulcro da paz interior