A CASA DO POETA
(ao amigo J. Araguaia)
A casa do poeta
É empoeirada e vazia.
O poeta é um homem morto
Que mora em um museu.
Sei disso.
Sei porque conheci a casa velha da ponte,
Casa de Cora, doceira quando viva.
Sei porque conheci a casa de Jorge, que nem poeta foi.
Conheci a casa de tantos outros,
Todos mortos, viventes de museus.
Ao término da adolescência, joguei minha poesia num saco e lá deixei mofar,
Deitei meus óculos sem brilho sobre a escrivaninha,
Guardei em um armário envidraçado minha beca preta e algumas medalhas.
Naquele dia meu coração parou e minha casa...
Ah! Minha casa...
Naquele dia minha casa se transformou em museu.