A CASA DO POETA

(ao amigo J. Araguaia)

A casa do poeta

É empoeirada e vazia.

O poeta é um homem morto

Que mora em um museu.

Sei disso.

Sei porque conheci a casa velha da ponte,

Casa de Cora, doceira quando viva.

Sei porque conheci a casa de Jorge, que nem poeta foi.

Conheci a casa de tantos outros,

Todos mortos, viventes de museus.

Ao término da adolescência, joguei minha poesia num saco e lá deixei mofar,

Deitei meus óculos sem brilho sobre a escrivaninha,

Guardei em um armário envidraçado minha beca preta e algumas medalhas.

Naquele dia meu coração parou e minha casa...

Ah! Minha casa...

Naquele dia minha casa se transformou em museu.

Edson de Barros
Enviado por Edson de Barros em 24/04/2018
Reeditado em 01/05/2024
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