Em meu vazio eu sigo a viajar
Em meu vazio eu sigo a viajar
Tal qual corsário em negro mar
Ao léu, sem norte indo a esmo
Caindo rudemente no inferno
Alheio as ilusões do mundo moderno
E olhando a pior parte de mim mesmo
Desprendido de tudo o que equilibra
Louvando a morte, a deterioração da fibra
O empalidecer da pele realçando os ossos
Toda essa miséria que a vida oculta
Desdenho a vida,lânguida labuta
E anseio as sombras de profundos fossos
E perdido eu me reencontro nos subterrâneos
Espelhando minha alma em macabros crânios
E na podridão dos seres que rastejam
Mergulhado em tudo o que apodrece
É neste breu que meu corpo resplandece
Em meio as carcaças que os vermes festejam
E ao retornar a baixa sociedade
Sufocando-me em claustrofóbica grade
Em falsa imagem e palavras vazias
De governo imoral e leis inúteis
Onde os tolos se unem em sonhos fúteis
E se embriagam em doces hipocrisias
E logo se reduz tudo em fumaça
Os vivos louvam aquilo que passa
Iludidos em delírio, em sonhos
Cegos que não enxergam a verdade
Eu vou trilhando lúgubre obscuridade
Vendo a realidade, o que há de medonho
E em breve tudo aquilo que tu ama
Há de ser consumido por esta chama
Pomos toda a esperança em coisas mortas
E em amargura nos pomos à regar a terra
Pranteando os filhos que a morte enterra
Ou sendo mais um corpo nessa negra horta