A Caixa na Sala

Me puxam, me puxam!

Puxam-me as cobertas;

Das cobertas me puxam.

Não sei fugir dela.

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Viram-me, num lençol, e nada;

Viro, numa fronha, e nada.

Continuo ali amarrada,

em uma cama parecida

com a minha;

Entretanto, ao me

acostumar, fui logo

retirada;

Quando isso finda?

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Reflexos,

em movimento.

Desconexos

momentos;

Resquícios

do Sol.

Lembro de minha cama...

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Uma caixa de ócio onde

acordo cansada toda vez.

Toda vez sinto-me virada.

Hoje, fria tez, chegou

a única e tão almejada.

Sinto-me fraca toda vez.

Fraca por tudo;

Cansa-me tudo;

Feição parca:

Falso mundo.

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Estou acompanhada pelo mal-só.

Questiono-o para levantar, mas

não há resposta sua contendo dó,

apenas a frieza usual, mais nada.

"É apenas o mesmo mal, mais nada",

penso, ali, incrustada na caixa.

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A caixa fica na sala

pois esta agora é

minha casa.

Aqui vivo eu

e mais nada.

Minto, minto:

Há também quem passa e para.

Entretanto não consigo distingui-los;

Mal vejo face; não ouço fala,

apenas alguns ruídos.

Lembrar: não sei se consigo.

Sinto-me cheia de memórias falsas:

As reais, de mim, estão fugindo.

Este aqui é o meu retiro;

Esta caixa é minha nova casa.

Quem dera lembrarei disso.

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Coroa de flores na parede:

sob as cobertas do vestido

as olho.

O mal-só causa-me sede:

não levantarei pois estou

em um velório.