O último poema
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O último poema
Não matarei, jamais,
minha essência de amar gratuitamente.
Não cansarei de me doar, nunca!
Não deixarei que a ingratidão prevaleça.
Não guardarei mágoas nem rancores,
posto que minh’alma é feita de amores
que transcendem o que pensam de mim.
Não esperarei, entretanto,
a vida inteira por quem apenas agride.
Não ficarei buscando explicações inúteis.
Não servirei de pretexto para nenhum comércio!
O amor quando se reveste de cobranças,
destrói e angustia, dilacerando as esperanças
de quem nunca se satisfaz com o que tem.
Não insistirei – isso nunca –
para que entendam a obviedade da palavra desonesta.
Não viverei dando explicações e ouvindo desculpas.
Não me prestarei ao que não presta, por capricho!
A vida segue em rumos que machucam,
desatando nós que nos engodam e puxam
para o precipício da indiferença mordaz que liberta.
Não ficarei, acredite,
parado, esperando Caronte ou quem quer que seja...
Não morrerei pelo que, de igual modo, acabou.
Não derramarei nenhuma lágrima – Viver é sorriso!
Se a angústia fosse a solução dos nossos problemas,
o bom da existência não estaria nos dilemas
que nos fazem gargalhar ao fim da festa.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 5 de fevereiro de 2018.
14h37min
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