Perdas
Quando alguém morre
O tempo para,
As cortinas dos ceus
Se abrem e a vida torna-se rara
Quando um corpo
Deixa o nosso mundo,
Revisitamos nossas memórias
E inalamos fundo a saudade
A valsa dessa despedida
É demasiadamente pesada
Carregada de sofrimento
Nossos pés quase não decolam
Quando alguém morre
Sinto uma dor em mim
Que sou feito poeira à se dissipar:
Leve, discreto, irreconhecível
A morte e suas trincheiras
A arte em nossas cabeças
E uma só certeza
De um dia querer a vida voltar
Vejo a doçura no olhar
De alguém que se foi
Mas há tristeza permanente
Nos olhos de quem fica
Essa dor que assola o peito
Dialoga com o medo,
De ser o próximo
De perder o tempo
Quando alguém morre
O tempo para,
As cortinas dos ceus
Se abrem e a vida torna-se rara.
Dario Vasconcelos