E vem enfim
Perdi o relógio e me atrasei algumas décadas
Dependi de um baú que se escondeu em alguma das ilhas
Voltei ao mar e solitário encaro-o solitariamente a milhas
Da razao do grito abafado, parte que não aparece nas escadas.
Eu revi o meu nome milhões de vezes
E tomei o suco de minhas propostas fezes.
Semana atrás semana foi podridão e precipício
Sinto-me louco, preciso ir a um hospício.
Pareço bem e até normal
No fundo quero gritar um grito de:
Me ame! Me escute! Eu não sou mal!
Eu errei, eu sei, é verdade
Sou péssimo no que falo
E em vão escrevo o que aqui exponho
Vou sofrer um pranto enquanto me recomponho
Roer de medo até o talo.
Vem o fim e vem a morte
Nesta hora, meu caro, sem sorte
Um traço a mais ou a menos
Só a esperança para conter este lamento.