O INESPERADO ESPERADO
Fortuito lancinante
De chegada súbita
Galopante propala-se
Até a parentela agora
Desolada e estarrecida.
Seu semblante trevoso
E fascinante
Se desconhecido e junto
De cruéis requintes
Causa espanto
Na curiosidade alheia.
Mas calmamente
Sussurram alto na sala
Com vozes graves
Os homens consolando
Suas mulheres chorosas
E as crianças já crescidas
Entendidas do que se lamenta
Neste mundo adulto
De breves finais dramáticos.
Junto à alvorada eis
Um contentamento insólito
Que diz: és natural
De tua natureza!
A vida
Levada pela correnteza
Atemporal do tempo
E beleza também guarda
Este choro solussante
Por um futuro visto ausente.
E a memória fugaz
De toda vida finda
Jaz na terra garrida
Se apagará como a luz
Do dia em que nascera.