Portas.
Duas
Das múltiplas utilidades
Dessa coisa chamada porta
São fechá-las e abri-las
Podendo então
Deixar entrar ou sair
Mentiras ou verdades
E assim fingirem-se
Relativamente mais tranquilas
As pessoas relativamente boas
E as efetivamente ruins
Portas ocultam
E pouco se sabe
Dos vultos que se vê
Pelas frinchas por sob elas
Fatalmente sepultadas
Quando se fecham as portinholas
Que se põe nas tampas das urnas
Onde se enfurnam eternamente
O que se quis e não se quis
Fez e não fez
Uma a uma, às vezes
Noutras, muitas de uma só vez
Esperanças que morreram
Lá, propositadamente
Não há janelas também
Belas paisagens
Viagens mentais
Outra serventia das portas
É um dia fecharem-se
E jogar as chaves fora
Deixando-nas assim
Pra nunca mais.
Edson Ricardo Paiva