A morte tragicamente trágica
A morte tragicamente trágica
Se vai ao ver a vida bela e sofrida
Não pode leva-la para outra esquina
A esquina onde está a menina que sonhava em ser reconhecida
Agora está dobrando a avenida em busca de homens que a veneram por alguns momentos em seus desejos sórdidos
Com o frio sangue que corre pelas cortinas
Cortinas fecharam as janelas do quarto bagunçado
Onde aconteciam atrocidades aceitáveis em meio a gemidos e cigarros queimados
E lá na mesma esquina pode-se ver a mulher que não é chamada de mulher
Que se deu para a vida
E em seu RG escrito vadia
A tragédia tragicamente se chama de vida
A vida logicamente se torna sofrida
O Sofrido inevitavelmente é aceito como algo divino
E a menina se coloca de joelhos e recita suas preces em silêncio
A menina está de joelhos, porém, suas preces são sufocadas por um boquete desordenado
Que revira os olhos de um homem que sente que fora abandonado
A menina já orou para a vida
Por ela não foi acolhida
A menina implorou para a morte
A chamou incontáveis vezes
Através de tragadas de seus cigarros
Através dos cortes em seus pulsos e braços
A morte se comoveu com o que via
E finalmente, carinhosamente, em seus braços carregou a mulher que ainda tinha alma de menina.