MATAR A MORTE
Matar a morte
Há muito tempo,
Com as asas de um anjo,
A nos enroscarmos
No breu total é o meu desejo;
Um truque ao relento...
Ela é mulher charmosa,
Fogosa e insaciável,
Nunca descansa
Sua fome por carne pálida.
Dar-lhe-ei músculos de verdade;
Quanto às asas de Anjo...
Farei numa garagem vazia,
De marcenaria –
Asas em plumas bem lustrosas,
Vivissimamente brancas
Para cegar-lhe os olhos.
A intenção é quebrar-lhe
Os ossos num abraço,
Decepar-lhe o pescoço
Com a sua foice torta,
Cortar-lhe os pulsos
Com lances afinados de penas,
Agregar-lhe grilhões
Aos pés incansáveis...
E sabendo que não
Pode morrer,
Certificar-me-ei na guarida
Do seu claustro sombrio,
Quando chegar a hora
Da meia-noite do meu sono
Fatal, saber que não foi ela
Quem pôs a mão em mim,
Mas eu que fui o carrasco
Do seu último mal.
“Um machado, uma navalha
E severos arranhões no corpo
Foram encontrados em meu apartamento
Depois de uma semana de desaparecimento.
Eu venci a mim mesmo.”