VULTO DA MORTE
Abriu-se a porta da desgraça
e um vulto, saindo da fumaça,
veio abraçá-la, distraída,
arrancando-lhe a vida.
Seu corpo tão bonito e perfeito
foi caindo de mau jeito
pelo chão frio da sala,
já desfalecido e sem fala.
Fiquei extremamente abalado
por saber que, a meu lado,
eu acabava de perder
quem na vida só me deu prazer.
Muito chorei de dor e paixão,
enquanto a apertava sobre meu coração.
Infelizmente nada mais pude fazer,
senão deixar meu pranto correr.
Fiquei profundamente decepcionado
e com o peito dilacerado
por saber que naquele dia
findava-se toda minha alegria.
Ela foi tirada de mim
e levada para um triste fim.
Jamais, porém, me esquecerei
daquela que mais amei.
E se hoje vivo sozinho e triste,
é porque nada mais existe,
pra que eu possa me alegrar,
pois nenhuma outra há de ocupar.
O lugar que ainda é daquela
que para mim sempre foi a mais bela.
Nova Serrana (MG), 11 de setembro de 2008.