MISSA FÚNEBRE
Amanhã, quando eu morrer,
as pessoas que forem me ver
certamente irão dizer:
– Foi uma grande perda;
ele era uma pessoa calma,
sempre fazendo alegres cenas,
para alegrar nossas almas.
– Do que é, mesmo, que ele morreu?
Ele já vinha doente?
Como foi que aconteceu?
Foi morte natural ou acidente?
Enfim, cada um dos que ali comparecer
dirá sempre alguma coisa,
que se refira à minha pessoa.
Dirá que serei sempre lembrado,
que gostava muito de mim,
e que eu era uma boa pessoa (...).
Pois bem, isto todo mundo diz
em ocasiões desta natureza.
Assim, sete dias depois de tudo,
algumas poucas pessoas
estarão rezando a missa
de comemoração pela minha partida.
Até aí ainda ficará uma lembrança,
deste que agora já não mais fará parte
do mesmo mundo dos vivos.
Ao término da missa fúnebre,
findarão também as lembranças,
o afeto e a grande importância
que eu tinha para alguns.
E, se alguém, mais adiante,
perguntar por mim,
ninguém mais saberá responder
quem realmente eu fora.
Pois suas lembranças divagam
com outras preocupações maiores,
enquanto eu me desmanchando,
dentro de uma cova em um caixão,
não terei mais como voltar,
para chamar-lhes a atenção,
uma vez que então serei
simplesmente um resto esquecido,
solitário, abandonado por todos,
e enclausurado em meu jazigo.
Nova Serrana (MG) 21 de agosto de 2006.