POEMA PARA OS MORTOS
Há mais mortos sobre a terra,
que propriamente embaixo dela!
Tudo veem e nada sabem;
nada sentem e por tudo sofrem.
Querem sem gostar,
passam a vida chorando
sem saber o porquê!
Amam sem sentir,
desejam sem amor.
Temem a multidão,
enquanto se apavoram
com a dor da solidão.
Estão, incansavelmente,
insatisfeitos com tudo que tem,
enquanto outro nada tem.
Estão todos mortos,
mas, não inermes,
pois acreditam que os movimentos
ser-lhes-ão utilitários
na busca do desconhecido.
Assim, os adormecidos debaixo da terra
acreditaram que um dia voltarão,
quando acordar de seus sonhos
para enterrar os mortos sobre a terra
que ainda não fecharam seus olhos
para uma reflexão sobre a vida.
Por que vivemos?
Nova Serrana (MG), 1.o de janeiro de 2007.