UMA SUAVE MELODIA
Esta melodia que ouço tocar,
era uma de suas prediletas,
pois ela gostava muito de músicas.
Principalmente estas suaves,
que nos transmitem paz ao espírito.
Domingo passado foi a última vez,
que a ouvimos juntos.
Ela me parecia muito feliz,
pois, durante todo o tempo
em que estive a seu lado,
ela estava sempre sorrindo.
E, por nenhum momento sequer,
ela me demonstrara tristeza.
Assim, no final da noite,
quando nos despedimos,
nós ainda nos beijamos com ternura,
antes que eu me perdesse,
dentro da noite escura.
Mal cheguei em casa, porém,
recebi um telefonema de alguém,
que, apavorado, me disse:
– Por favor, venha urgentemente
para o local onde você estava,
pois não tenho boas notícias
para lhe dar a estas horas.
Assim, sem perguntar, voltei,
o quanto antes possível.
E, quando cheguei ao local,
inúmeras pessoas já se amontoavam
em redor de seu corpo estendido no chão.
Aquilo para mim fora um choque tão grande que eu mal conseguia acreditar.
Mas, infelizmente, era realidade.
Peguei-a em meus braços
e aos gritos clamei por socorro,
pois ela era para mim
todo o meu sonho de vida.
Não restava, porém, mais o que fazer,
pois seu lindo corpo, agora flácido,
não tinha mais nenhum movimento.
E, tomado por uma profunda dor,
aos prantos, vi que, infelizmente
minha vida também se findava
bem ali juntinho dela,
que, há poucas horas, a meu lado,
ouvíamos uma suave melodia,
que transmitia muita paz
a nossos espíritos, que agora
se desfazem com esta separação,
tão triste e tão dolorosa.
Nova Serrana (MG), 14 de agosto de 2006.