GUARDE
Guarde tuas lágrimas
para quando eu fechar os olhos,
pois agora elas vão lhe estragar o rosto
que você tão bem contornou.
Guarde todas as suas flores
para quando eu estiver dormindo,
já que nem o perfume dessas flores
você me ofertou quando eu estive lhe
sorrindo.
Guarde seu vestido novo
para desfilar em meu cortejo,
quando você em meio ao povo
dará seu último beijo
neste corpo já pálido, sem vida,
que tanto bem lhe quis;
e você como convencida
fez tão triste e infeliz.
Guarde o seu abraço forte
para o seu travesseiro,
pois, após a morte,
não adianta o desespero.
Guarde tudo que você
um dia se recusou a me oferecer,
pois, após tanto sofrer,
só basta a terra agora me corroer.
Nova Serrana (MG), 28 de abril de 1989.