Aquele Cadáver
Pobre homem
A qual acabo de me deparar
Morreu aos 86 anos
Podia chegar aos 100
Mas não sabia se valia a pena continuar.
Levava uma vida feliz
Pelo menos era o que parecia ser
Mas era tanta preocupação em sua vida.
Que não sabia se queria mais viver.
Foi um homem bondoso
Parecia ter uma saúde danada
Mas de que adianta ter uma boa saúde
Se nada lhe agradava ?
Talvez tivesse uma doença
Mas não era de coração
A doença que havia o tomado
Era a doença da tristeza e solidão
Dizem que possuia muitos amigos
Mas era apenas para beber
Quando pedia ajuda para seus problemas
Nem chegavam a aparecer.
Pobre homem
Que em sua vida foi explorado
As pessoas presentes aqui em seu enterro
Vieram pelo seu legado
E não preciso nem dizer
Que esse homem em toda sua vida
Nunca foi amado.
Mas esse homem
Sabia dos interesses que lhe cercava
Por isso antes de morrer
Queimou todo o dinheiro que lhe restava.
Agora este homem
Está prestes a observar
A reação da sua família
Que foi sustentada pelo azar.
Pobre homem
Que não soube o que fazer
Previu sua morte tão bem
Mas ainda está a sofrer.
Sinto pena do cadáver
Que acaba de ser enterrado
Seus familiares chorando se vão
Com a falsidade em seus rostos estampados.
Pela eternidade neste cemitério ficarei
Ao lado deste homem que morreu
Algum momento eu avisei para vocês
Que aquele cadáver
Sou eu ?