FRANJAS E SEDAS
Contarão á você do meu fim...
Certamente a tomará de surpresa,
pois talvez este momento,
você jamais imaginaria chegar.
Assim, não necessitarei mais,
daquele amor que tanto lhe implorei.
Não terei mais que passar em claro,
tantas noites de sono perdido,
com esperanças de um dia tê-la.
Em que grande sossego me encontrarei!
Sem movimentos, sem calor,
sem ter nada pra pensar,
e mais uma vez,
ausente do seu amor.
Suas mãos meigas, tão macias,
decerto tocaram meu rosto pálido,
por entre as franjas e sedas,
de minha gélida mortalha.
O vento soprar-lhe-á,
os cabelos dentro da noite fria.
Todos estarão em silêncio,
inalando o forte cheiro,
das flores desfalecidas,
junto ás velas esquecidas,
em um canto qualquer.
Tudo estará consumado...
Mas, nem mesmo assim,
não será meu desejo, receber
suas arrependidas lágrimas,
pois, durante toda minha vida,
o que eu sempre quis,
foi vê-la alegre e feliz.
Nova Serrana (MG), 07 de julho de 2006.