CARTAS VELHAS
Quero desfilar entre os mortos,
ser o portador das missivas nunca entregues,
aos amantes esquecidos nos campos santos,
que nunca puderam dizer adeus... eu te amo!
Cega esta contagem idiota de dias inúteis!
de uma dádiva estúpida comemorada À toa...
quando tudo o que há é um romantismo cancerígeno,
sugado em tragadas longas que me mata aos poucos...
Mas eu não tenho do que reclamar,
eu vivi, ou ao menos penso assim,
afinal são 17.520 dias de sonhos e pesadelos!
uns mais que outros... O que isso importa? Apenas fechem a porta...
Ambos misturam-se e já não sei qual deles é real,
mas o que importa a realidade se eu tenho a eternidade?
o poder mágico de viver de mim mesmo?
de construir mundo que somente eu posso habitar...
Eu sou o carteiro do amor dos mortos,
Eu sou o que leva a esperança aos que jazem em frios túmulos!
esquecidos, abandonados, de amores nunca vividos,
através de cartas amareladas e engavetadas e nunca lidas...