Tempo
Desculpe-me por dar essa notícia à essa hora do dia
Mas estou morrendo
Sinto o frio e a escuridão da Morte chegando até mim
Prometo fugir desse destino o quanto puder
Mas me sinto como uma tartaruga correndo contra um coelho
Não importam meus esforços, o oponente sempre ganha
O que fiz para ter tamanho castigo?
Passei parte da minha vida tentando controlar o fluído mais corrosivo de todos
Sempre seguindo seu fluxo, como um rio
Tudo o que toca suas águas apodrece
Homens, planetas, moléculas, culturas. Tudo some à sua vez.
E, num dia qualquer, como uma chuva de meteoros, ela virá
Inevitável
Incontestável
Não virá para um debate, mas com uma ordem
Caí nesse fluído e adoeci
Não posso parar a corrente
Não consigo fazer retroceder
E, na verdade, não tenho poder nenhum agora
O Universo não chorará minha morte
A Vida não sentirá falta do meu suspirar
Nenhum homem se entregará em meu lugar
Nada pode parar este terrível fluído
Nenhum esforço vai impedir esse famigerado ser
Meu algoz?
O tempo