Fúnebre vida
Não há campo vasto que repouse minha alma, não há aurora que traga esperança, de preto e cinza o meu contentamento falha, roendo e ruindo em dor o que era aliança,
Não há vento fúnebre para minha partida, não há outrora, como havia antes, sou sentinela que vigia as sombras, do meu passado e do que fui em vida,
Não há afago de família por perto, não há um teto em que posso me cobrir, e as estrelas que entoavam um verso, são parte de um universo em vôos de colibris,
Não há lembrança das manhãs tão sórdidas, pois há muita vida em morrer assim, e as saudades que deixei inóspitas, estão afogadas numa garrafa de gim,
Não há flores, não levamos tais homenagens, mas há ardores tanto quanto na vida, ardores que gritam na alma, e sempre ecoam ao tocar na ferida,
Não há mais o amor que havia, não há o sorriso que me encantava, e com lágrimas eu molho esta poesia, enquanto escrevo-a para quem eu amava,
Não há mais nós, não há nosso amor, não há você, o que aconteceu?, a tua morte, querida, me doeu tanto, você se foi, mas quem morreu fui eu...