Óbito
Enquanto o outro lado me espiava
Na rua vazia,
Um homem de branco ria.
Do outro lado da calçada
A outra face me dizia:
- Aqui és tua morada
E eu, homem incerto e deserto caminhava
O tudo e o nada ficaram para trás
O homem habita em mim e se desfaz
O homem de branco ria de mim e dizia:
Não és homem
Não há chegada
E eu, fiz de mim homem
Os outros me miravam
Sem riso
Sem fado
Soluçavam
Eu homem afinal
Vi em mim o que não é
o que não virá
E eu, homem que vi o deserto
Vi exatamente o aqui
Estamos todos
Estamos poucos
Os outros são loucos
Velemos nós!
Velai por vós!
velai, algozes!