I
A gente não sabe como
honrar os nossos mortos.
 
Seguimos seus corpos
encaixotados como sardinhas
que queremos manter frescas
Aos berros, aos choros
numa inconformidade egoísta.
 
II
A gente não sabe como honrar
os espíritos que se vão.
 
E então...
 
Acendemos velas
organizamos missas,
tentamos nos comunicar à noite
esperamos que eles morem ao nosso lado,
soprando em nossos ouvidos,
como grilos falantes.
 
III
A gente não sabe como
honrar os nossos homens mortos
 
E nem porque se foram
e nem porque vieram.