HORA DO ÓBITO
Hora do óbito, silêncio-pós-encefálico profundo contundente.
Não há mais o som do teu riso gargalhando indiferente
O som de tua voz trovejando em meu céu presente
Onde a luz fugiu em pleno dia e habita o frio onde o calor ardia
Densas nuvens bailam, fechando o trânsito da alegria pós-escuridão.
Agora o grita o silêncio pós-pulsação.
Na frequência de teu silêncio não há mais o canto de tua canção
Só uma dor voraz implantada no peito pós-coração
Sem a alegria convidada, Pelegrino o labirinto de minha casa.
Esvaindo-me ao pranto que me cala
Procuro-te em teu quarto, em minha sala, inundada por tua solidão.
Hora do almoço teu prato cheio
Nada saboreio pós vida roubada quando ainda latente
Pela violência do acaso foi-se
Ao acaso
Que horas são?
São agora horas ausentes...
Até a mais profunda submersão na gente
Quando você nasceu aflorou-me um pôr-do-sol permanente
Que você levou em seu poente!
Em memória do nosso filho Jay.