FLORES, VELAS E LÁGRIMAS
Quando eu nasci,
muita gente veio me ver.
Trouxeram-me variados presentes.
E todos se mostraram alegres,
até mesmo com meu choro.
Em troca, levaram as lembrancinhas,
feitas todas com muito carinho
por minha mãe querida.
Quando eu morrer,
muitos não ficarão nem sabendo,
e os poucos que vierem me ver
certamente me trarão
flores, velas e lágrimas.
Enquanto eu, do outro lado,
estarei alegre e a sorrir de suas tolices,
Pois as flores deveriam ser para os vivos,
enquanto seus choros e lágrimas
nunca me trarão de volta a vida,
e suas velas jamais terão
a luminosidade da Luz Eterna,
sob a qual certamente já estarei descansando.
E quanto às lembranças,
cada um as guarde
da melhor maneira que lhes for conveniente,
pois minha querida mãezinha,
a essa altura, em vez de distribuí-las às visitas,
estará recebendo, em troca e de todos,
os pêsames.
Rio Pará, Conceição do Pará (MG), 8 de fevereiro de 2005.