NÓS DOIS E O FLORISTA
Amanhã, quando eu morrer,
você certamente será notificada.
E, estando você onde estiver,
ou ainda com quem quer que seja,
o seu intuito será de ir a meu encontro.
E se sentir vontade de me ver, venha.
Mas venha naturalmente sem prantos.
Olhe-me ali naquele caixão,
sem vida, pálido e esquecido,
mas não tenha de mim compaixão.
Olhe-me simplesmente
como se eu fosse um indigente,
pois ninguém ali haverá de saber
que entre nós houve algo.
Algo que ficou escondido dentro de nós
e que somente nós dois sabemos.
Nós dois e o florista,
do qual sempre lhe levava as flores,
acompanhadas dos versinhos
que eu sempre lhe escrevia,
com muito amor e carinho.
Mas sempre anônimos,
apesar de você desconfiar
de que era eu e somente eu
o autor de seus momentos alegres
e o único capaz de fazê-la feliz.
Nova Serrana (MG), 11 de novembro de 2004.