NÓS DOIS E O FLORISTA

Amanhã, quando eu morrer,

você certamente será notificada.

E, estando você onde estiver,

ou ainda com quem quer que seja,

o seu intuito será de ir a meu encontro.

E se sentir vontade de me ver, venha.

Mas venha naturalmente sem prantos.

Olhe-me ali naquele caixão,

sem vida, pálido e esquecido,

mas não tenha de mim compaixão.

Olhe-me simplesmente

como se eu fosse um indigente,

pois ninguém ali haverá de saber

que entre nós houve algo.

Algo que ficou escondido dentro de nós

e que somente nós dois sabemos.

Nós dois e o florista,

do qual sempre lhe levava as flores,

acompanhadas dos versinhos

que eu sempre lhe escrevia,

com muito amor e carinho.

Mas sempre anônimos,

apesar de você desconfiar

de que era eu e somente eu

o autor de seus momentos alegres

e o único capaz de fazê-la feliz.

Nova Serrana (MG), 11 de novembro de 2004.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 30/03/2017
Código do texto: T5956535
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