JÓ E LÁZARO

É verdade que muitas vezes na vida

tenho que fingir minha realidade

para ocultar o que vai dentro de mim.

Nem sempre consigo demonstrar

o quanto sou feliz superficialmente.

E às vezes em minhas aflições,

sem querer, deixo transparecer,

o quanto me sinto desolado de tudo.

O tempo nunca parou de correr,

e a vida segue em frente com ele.

Mas, em meu caminho,

tudo é muito triste e sem valor.

Pois as coisas mais sagradas

que consegui, em toda minha vida,

foram-me arrancadas.

Simplesmente pelo prazer

de me verem sem nada.

E assim como Jó, ainda procuro ter

um pouco mais de paciência e esperanças

de que um novo dia

me chegue com mais alegria.

E enquanto isto não acontece,

vou sobrevivendo aos tropeços da vida,

com a alma coberta por feridas,

a mendigar pela minha sorte,

como Lázaro antes da morte.

Nova Serrana (MG), 13 de janeiro de 2008.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 30/03/2017
Código do texto: T5956527
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