JÓ E LÁZARO
É verdade que muitas vezes na vida
tenho que fingir minha realidade
para ocultar o que vai dentro de mim.
Nem sempre consigo demonstrar
o quanto sou feliz superficialmente.
E às vezes em minhas aflições,
sem querer, deixo transparecer,
o quanto me sinto desolado de tudo.
O tempo nunca parou de correr,
e a vida segue em frente com ele.
Mas, em meu caminho,
tudo é muito triste e sem valor.
Pois as coisas mais sagradas
que consegui, em toda minha vida,
foram-me arrancadas.
Simplesmente pelo prazer
de me verem sem nada.
E assim como Jó, ainda procuro ter
um pouco mais de paciência e esperanças
de que um novo dia
me chegue com mais alegria.
E enquanto isto não acontece,
vou sobrevivendo aos tropeços da vida,
com a alma coberta por feridas,
a mendigar pela minha sorte,
como Lázaro antes da morte.
Nova Serrana (MG), 13 de janeiro de 2008.