CANTO FÚNEBRE
Ó chuva que fria cai,
descendo dos céus,
qual renda de um véu
que pelas ruas vai
levando meu pranto
por entre a enxurrada
que corre sobre a calçada
como um triste canto.
Ó noite triste e escura,
que assiste ao meu sofrer,
neste momento de desprazer,
em que vivo em amargura.
Ó céus e terras,
águas do mar e estrelas,
não vedes que minha paz se encerra
neste mundo infinito, por não mais tê-la?
Que outro sentimento eu poderia ter
senão o desgosto pela dor e o sofrer?
Que mais eu poderei esperar desta vida
se não mais tenho minha querida?
Diga, ó vento que sopra aos meus ouvidos,
lua que se esconde em minha dor,
encontrarei algum sentido
por viver longe do meu amor?
Responda-me quem puder.
O que farei de minha vida?
Como viver sem o amor desta mulher
tão amável e tão querida?
Como seguir sozinho
por este mundo infinito,
pelos mesmos caminhos
que outrora tão bonitos
ela sempre me acompanhava
com um sorriso de alegria,
mostrando que entre nós reinava
um bom entendimento e harmonia.
Nova Serrana (MG), 25 de maio de 2010.