PALAVRAS DE DESPEDIDA

À memória de Divino Pinto dos Santos (* 01/05/62 – + 14/03/17)

O morto, ali, em seu caixão,

deitado, com o corpo esticado,

de olhos fechados para o mundo,

tudo via e nada dizia...

De pensamentos presos

e braços cruzados, sem vida,

com o nariz apontado para o além,

respirava a inexistência do ar.

Quem é ele (?),

tão solitário em seu caixão ?

Abandonado no velório,

sozinho, sem ninguém ao seu lado.

Sem nenhum parente ou amigo.

Sem ao menos um vigário,

para discursar em seu favor,

com as mais belas palavras de despedida.

Quem é esse morto (?),

que na solidão derradeira,

não encontrou ninguém,

nem mesmo para uma pequena palavra,

por menor que fosse o tempo.

Não sei...

Não saberá ninguém...

Dorme tranqüilo, o morto,

em seu caixão, pobre e humilde.

Talvez, essa seja uma resposta,

para a ausência de todos.

Ser pobre, humilde e solitário.

Nova Serrana (MG), 16 de março de 2017.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 16/03/2017
Reeditado em 14/04/2017
Código do texto: T5943047
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