NOSSO ÚLTIMO BEIJO
Três grandes momentos
aconteceram em minha vida.
Na primeira vez em que eu a vi,
senti-me radiante de alegria,
pois naquele exato momento
começava em minha vida
um novo caminho cheio de paz.
Ela viria completar o que me faltava
e transformaria minha vida,
dando-me forças para continuar a viver
e fazendo-me novamente acreditar
que um novo mundo se descortinaria à minha
frente.
Quando eu a beijei pela primeira vez,
senti-me como se estivesse flutuando.
Mas seus lábios delicados e macios
deixaram-me ver que aquele
era o seu primeiro beijo,
pois percebi em seu jeito, um pouco acanhada,
como uma menina desprotegida,
querendo encontrar abrigo.
Foi muito lindo aquele primeiro encontro!
Era noite fria, chovia fino e, em meus braços,
ela veio se aconchegar.
Começava ali o nosso romance.
Tempos depois, em uma segunda vez,
quando eu caminhava sem destino
por ruas que não me levaria a nenhum lugar,
encontramo-nos saudosos.
E uma vez mais senti meu coração
acelerado, querendo fugir-me do peito,
pois não me continha de satisfação
em vê-la novamente tão bonita.
Ela, agora um pouco mais madura,
e com um corpo encantador,
fez-me sentir cheio de desejos.
Ela, muito meiga e atraente,
abraçou-me com ternura e, em seus olhos, o
fulgor
de todas as estrelas, vinha repousar calmamente.
E ali naquela segunda noite acontecia a nossa
primeira vez,
enquanto eu me deleitava pela segunda vez com
aquele seu doce beijo.
Amamo-nos com grande encantamento um pelo
outro.
Passamos a viver os melhores momentos de
nossas vidas.
Acordávamos sempre em paz e tudo nos era de
muita alegria.
Tínhamos uma vida tranquila e éramos, mesmo,
muito felizes.
Tempos mais tarde, quando brindávamos
mais um dia feliz em nossas vidas,
quando tudo se aquietara e a noite silenciosa
vinha mais uma vez embalar nossos sonhos,
ela tão esplêndida e formosa,
dentro de um lindo vestido, da cor do infinito,
deu-me um longo beijo, cheio de ternura e
desejos.
Eu, porém, não sabia que aquele seria o nosso
último beijo,
pois tão logo me beijou ela, flácida, foi se
desfazendo.
Por uma fração de segundo cheguei a imaginar
que tudo não passava de uma brincadeira.
Quando, porém, ela, pálida, se entregou a meus
braços,
não me contive de dor e paixão.
O pranto veio logo acompanhado de grande dor e
sofrimento.
Por inúmeras vezes, já esfacelado, pelo seu nome
chamei,
inutilmente e em vão,
pois aquele seria o nosso último momento,
e aquela a nossa última noite juntos...
Nunca mais nenhuma cena de nossas vidas
haveria de repetir-se como outrora.
Completamente arruinado e sem saber o que
fazer,
vi-me abandonado por tudo de bom que a vida
tem.
Nunca mais almejei a nada que pudesse dar-me
prazer.
Vivo sozinho pelo mundo, e muitos que nunca
souberam,
e jamais saberão de tudo que houve entre nós
vêm sempre questionar-me por que assim vivo.
O que eles pensarem ou não a nosso respeito
de nada me interessa,
pois só você era tudo que eu tinha de maior valor,
em minha vida.
E desde que você se foi, nada mais me interessa.
De que vale um mundo cheio de grandes coisas,
boas e bonitas,
se não tenho mais você a meu lado para
compartilharmos juntos?
Nova Serrana (MG), 25 de outubro de 2009.