Tanatoestética

Somos iguais

Melhor que isso

Sou eu o mesmo

Em suspiros de algodão

Vestem-me

Com a mesma

Indumentária

Que eu usaria

Num baile de solteiro

Talvez

Pois entre os vivos do mundo durmo só

É essa a verdadeira solidão

Eis como me visto

a beleza do infrutífero

Expõe-se à terra

Onde

as almas perdidas

já tão fodidas

declaram guerra

Somos iguais

Do cálcio do osso

do podre da carne

que come o verme

ainda que meu corpo firme

alimento logo me torne

Ou que em cinzas

O vento me fume.

RNetto
Enviado por RNetto em 19/12/2016
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