A MORTE
A morte é o fim da estrada larga.
A porta que não se abriu.
É a luz no fim do túnel que não se ascendeu.
É a tristeza que se emenda na saudade
E não vai embora.
A morte é o amor que acabou.
É o filho que partiu e não voltou.
É a esperança que se arredou.
É a paz que alguém te roubou.
A morte é a expectativa quebrada.
É o suspiro de um apaixonado
Ao perceber que o amor de verão não vingou.
É a dor que não passa e nos enlaça
Com correntes de remorso.
A morte é a esperança que já morreu.
A ferida que não cicatrizou.
É o velho amigo que do seu nome não se lembrou.
A morte é a lembrança doída
De um sonho que não se realizou.
É a saudade persistente
Que não se afaga e nos afoga.
A morte é o brilho da estrela que se apagou.
É o amigo que te decepcionou.
A morte é a morte de quem se ama.
É a voz que se calou.
A gargalhada que se prendeu porque alguém censurou.
É o ponto final de quem ainda não acabou.
A morte é a vida pesada nos ombros
Com seus mil quilos de preocupações e pesares...
É o trem das cinco que não passou
Trazendo consigo o seu grande amor.
A morte é o sonho pintado
Que de tanto ser sonhado desbotou a cor.
A morte é o tapete puxado.
É a mão amiga que não lhe é estendida.
É a covardia dos fracos.
A morte é o menino pedinte em cada esquina.
É a fome de quem hoje ainda não comeu.
É a fração de tudo que se perdeu
Tentando se encontrar.
É a vida que se viveu sem aproveitar.
É o tempo passado,
Aquela dança que você não quis dançar,
E agora, já tarde, se arrependeu.
A morte é o saudosismo pesaroso
De tudo que você sonhou e não viveu.
A morte é a vida que resta em nós
Rodeada por tudo que já morreu.
A morte é assim,
Muito, muito pior
Quando é morte em vida.