RÉQUIEM

morre-se um pouco a cada dia

viver os enredos cotidianos

picardias envoltas no tempo

enquanto lento passam os anos

santo oficio de morte

que se entoa a cada dia

quando amanhece dia quente

e então se faz tarde fria

morre-se um pouco a cada dia

quando o som da chuva la fora

e o vento declamam uma elegia

cá dentro tudo então se aflora

pela moldura se espia a janela

a escura tela de um dia triste

nada muda nada vai embora

como se fosse um dedo em riste

como se o relógio repetisse

e agora , e agora, e agora

morre-se um pouco a cada dia

quando tudo não da certo

o abismo do nada por acontecer

estende um vasto amplo deserto

e o claro do dia vai anoitecer