O FIO DA NAVALHA

Ser poeta...

Essa é minha sina.

Às vezes caminho por entre as flores

rodeado pelo seus perfumes.

Outras vezes sobre o fio da navalha

sou cruelmente retalhado

por uma mal formada rima

mista de sonhos e ciúmes.

Vivo uma sensualidade imensurável

que tanto me eleva

quanto me rebaixa e me desnivela.

Não sei se me encontro no Reino de Deus

ou nos Confins do Inferno.

Preciso de amor urgentemente

ou serei queimado vivo

nesse mundo oco onde os vivos

não reconhecem uns aos outros.

Terei que apagar você dos sonhos meus,

pois bem sei que não serei eterno

e morrerei igual a tanta gente

que perderam suas vidas

no fio gélido da navalha,

para depois repousar

sobre o perfume forte das flores

desfaceladas, e iguais a tantas, mortas,

desfiguradas e eternamente frias.

Nova Serrana (MG), 10 de junho de 2011.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 11/10/2016
Código do texto: T5788829
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