O FIO DA NAVALHA
Ser poeta...
Essa é minha sina.
Às vezes caminho por entre as flores
rodeado pelo seus perfumes.
Outras vezes sobre o fio da navalha
sou cruelmente retalhado
por uma mal formada rima
mista de sonhos e ciúmes.
Vivo uma sensualidade imensurável
que tanto me eleva
quanto me rebaixa e me desnivela.
Não sei se me encontro no Reino de Deus
ou nos Confins do Inferno.
Preciso de amor urgentemente
ou serei queimado vivo
nesse mundo oco onde os vivos
não reconhecem uns aos outros.
Terei que apagar você dos sonhos meus,
pois bem sei que não serei eterno
e morrerei igual a tanta gente
que perderam suas vidas
no fio gélido da navalha,
para depois repousar
sobre o perfume forte das flores
desfaceladas, e iguais a tantas, mortas,
desfiguradas e eternamente frias.
Nova Serrana (MG), 10 de junho de 2011.