BELEZA FRIA, FÚNEBRE E MÓRBIDA
O que é o silencio dos cemitérios
senão um momento de reflexão
para o futuro que nos aguarda?
Que beleza pode haver
nos vários túmulos ricos e valiosíssimos
pelo mármore e tantas suntuosas
obras de arte encontradas, senão
a única beleza fria, fúnebre e mórbida?
Quanto dinheiro jogado fora!
Quanta ilusão a se expor
diante dos olhos dos que os visitam!
Que benefício isso poderá trazer
aos nossos entes queridos?
Talvez fosse mais viável,
se todo esse dinheiro gasto
com o intuito de provar seu poder
pós morte, fosse revertido
em obras sociais que beneficiassem
aqueles mais necessitados.
Quantos nesse momento padecem
em seus frios e dolorosos leitos de morte
por não terem como se tratar de suas doenças?
O que é o silencio dos cemitérios
senão um momento de reflexão
para o futuro que nos aguarda?
Que valor pode haver em uma vida
quando não se tem amor nem a si próprio?
É preciso que nos amemos e amemos em vida,
a vida de nossos irmãos, dos que nos rodeiam,
daqueles que nos chegam cansados
e famintos de algum tipo de alimento
para o corpo ou até mesmo
para sua alma desencantada.
O amor ao próximo, esse sim,
é o que deveria ter maior valor
que todas as imagens
e toda a riqueza dos mármores
existentes nos cemitérios.
Muitas vezes gastam se mais
com a morte do que com a vida.
A vida é tão curta, tão passageira,
enquanto a morte será sempre eterna.
Deveríamos dar mais valor a nossas vidas,
proporcionar lhe bons momentos
com nossos familiares e amigos, pois brevemente
tudo isso que vemos se transformará em um só pó.
E quanto a morte, essa que encanta a alguns
e a outros se torna um verdadeiro pânico,
essa sempre haverá de existir,
por mais longos que sejam todos os anos que virão.
Pará de Minas (MG), 11 de fevereiro de 2012.