Clube dos felizes
Meu primeiro cadáver foi o de um gato
no caminho da escola.
- Ele devia ter sete vidas!
Eu devia ter sete anos e fiquei aterrorado,
os olhos na terra esbugalhados, o corpo torto,
sujo, envolto em formigas e varejeiras.
Diante da revelação dos horrores da putrefação,
meu pai consolou-me a dizer
que o gato agora estaria
no “Clube dos Felizes”. Achei estranho,
mas, olhando bem, não havia engano,
que sorte, que apesar do fedor e da bicharia
naquele caos inerente à morte,
a boca escancarada do bichano
cadavericamente me sorria.