Lembro-me
Lembro-me de quando a vida era bater com o pirulito nos dentes
Bato, hoje, somente com a cara nos muros.
Escondendo a ressaca pelas segundas
Sobressaltado, feito um inverno, escapando aos segundos.
Não sou mais, porém a resta incendiaria.
A amarga calma, minha aliada
Basta-se por si, com uma cobra
A doce mãe assassinada.
Quando fores cuspir sobre a luxúria
Vem e vê a levedura
Levar o rosto, pés e mãos de teu filho único.
Vem e rouba meu sono augusto
Quando me jogo aos braços de morfeu.
As preces vêm me cobrar às horas
Vem me vigiar o céu
Põe-se feito ouro, inaugura o distrito central.
Dos carros vem me buscar ao mundo
Vem me ferir aos murros
Vem me sorrir aos berros
Vêm me limpar as mágoas
Vêm me excluir as vidas.
E derrubo o celular aos índios,
Mal não vem me cerrar
Visto o uso do meu acaso
Dos tiros certos, ricos e apagados. CABUM!
É se criada a depressão solene.
Querer-se morrer, naturalmente.