Lembro-me

Lembro-me de quando a vida era bater com o pirulito nos dentes

Bato, hoje, somente com a cara nos muros.

Escondendo a ressaca pelas segundas

Sobressaltado, feito um inverno, escapando aos segundos.

Não sou mais, porém a resta incendiaria.

A amarga calma, minha aliada

Basta-se por si, com uma cobra

A doce mãe assassinada.

Quando fores cuspir sobre a luxúria

Vem e vê a levedura

Levar o rosto, pés e mãos de teu filho único.

Vem e rouba meu sono augusto

Quando me jogo aos braços de morfeu.

As preces vêm me cobrar às horas

Vem me vigiar o céu

Põe-se feito ouro, inaugura o distrito central.

Dos carros vem me buscar ao mundo

Vem me ferir aos murros

Vem me sorrir aos berros

Vêm me limpar as mágoas

Vêm me excluir as vidas.

E derrubo o celular aos índios,

Mal não vem me cerrar

Visto o uso do meu acaso

Dos tiros certos, ricos e apagados. CABUM!

É se criada a depressão solene.

Querer-se morrer, naturalmente.

Eduardo Verner
Enviado por Eduardo Verner em 25/08/2016
Código do texto: T5739106
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