O MEDO DOS VERSOS

Ao levantar-me hoje mais cedo

comecei a sentir um certo medo.

Era um terrível e inquieto pensamento.

Então começou todo o meu tormento.

Quis afastar a ideia em um momento.

Os versos me falavam na imaginação.

Piscavam cada letra para dentro de mim.

Bateu forte o meu coração.

Senti o corpo suar todo.

Agora até sinto medo dos versos.

Não hei de escrever hoje poesia.

Parece que vivo um filme de terror.

Será que eu verei o fim?

O medo dos versos me deixou assim.

Quais são o versos na minha mente?

Até parece que estou doente.

Sinto um pânico completo.

Os versos vieram dizendo:

Hoje chegou sua morte...

Não é preciso arrumar a casa....

Sua noite será escuridão.

Estarás deitado num caixão.

O silencio será sepulcral.

Você vai decompor-se em vermes...

Não ore e esqueça suas preces...

E os versos insistiam:

Meu beijo é gélido...

Desejo a tua morte.

Vi a tampa de madeira.

Meu corpo estava no caixão inerte.

Compreendi o medo dos versos

e escrevi dizendo assim:

Pego todos os versos jogo fora

porque ainda estou vivo escrevendo aqui...

BELO HORIZONTE, 16 DE AGOSTO DE 2016. MINAS GERAIS.

______________//////////______________//////////____________