SEM DESPEDIDAS
Enquanto eu riscava uma navalha nas linhas roxas próximas as mãos,
Fui conduzido a um lugar onde a mente refletia lentamente filmes sobre mim mesmo,
Vagarosamente o suco vermelho desenhava o chão e a pressão diminuía,
O espelho da memória revelava alguém cansado de desistir, que em seu último ato desistiu de tentar,
Era um adeus silencioso, sem despedidas, pois as palavras jamais conseguiriam descrever o que se sentia.
Um momento, e os olhos se fecham e a nuca faz do piso frio um travesseiro,
Deitado em uma fina linha que divide a passagem daquilo que vive e daquilo que só pode ser lembrado,
Nenhum anjo sobrevoava a cena da dor,
E em um céu distante, com suas asas escondiam seus olhos daquele retrato,
A solidão com sua pele fria então segura minha mão,
Fazendo-me recordar que vim sozinho ao encontro do primeiro suspiro,
E na solidão retornaria para o lado de lá.
Pouco a pouco o coração foi espaçando seu ritmo,
A respiração se perde em busca do ar,
É a vida dando lugar a morte, sem saber se um dia poderá retornar e iniciar uma nova história.
Era um jogar sem cartas se retirando da mesa, reconhecendo que o jogo acabou,
Um artista atrás das cortinas, as luzes se apagavam sem aplausos,
Enfim, aquele coração adormeceu em um sono eterno,
E finalmente eu consegui fugir daquela prisão condenada ao desamor.