Do lado de lá
Quando eu dormir,
livre serei dos males. Será?
Busco descanso aqui,
ajunto bens, perco terras,
amontoo doenças, saro-as.
Quando eu dormir, serei o ar,
voarei com um pombo
em busca de ninho,
arranharei os céus,
plainarei os mares.
Quando eu dormir,
serei eu livre?
Pombo? Senhor,
o que serei se não
só mais um a descer
ao profundo?
Serão lágrimas de dor
ou lágrimas da saudade?
Serei do sono a noite,
apenas a descansar.
A importância do nefasto,
pois, que dirão:
coitado!
Contudo, quero o sono
que descansa, nos braços
de quem alcança misericórdia.
Serei livre, voarei ao meu ser,
nesse trajeto desconhecido
ao mundo de lá.
Espero outra vida gozar
e por fim, dormir, sentir,
ser, falar, cumprir,
amar e amar!