A Morte Cavalga Sozinha

A ultima lufada do outono

Carrega uma fragancia de sangue em meu sonho

Que no crepusculo da minha vida, sibila

A viagem da morte que cavalga sozinha

O horizonte carregou para longe

A inocencia de minha infancia

A noite fria da minha vida

Carregou minhas esperança

A terra molhada que hoje piso

É a estrada do meu destino

Que sobre a lúgubre luz da lua

É a unica ternura que me resta

Na ultima milha

Eu depositei em uma pilha

Meus amores, meus sonhos e minhas dores

E a vida, aguerrida

Não me pareceu mais perdida

A luz das estrelas

Me iluminam mais que o sol

A frieza das trevas

Me acolhem como lençou

O meu suspiro é sereno

De nada me arrependo

Do que sofri e fiz sofrer

Pois não há como um homem saber

O que lhe espera no fim da festa

Festa essa que é a vida

Uma vida bandida

Pois sua luz, esquia

Nos foge

Enquanto inocentemente

Nos prendemos em sonhos e tristezas

A Morte cavalga sozinha

E sobre a colina, no crepusculo eu vejo

Tal o meu desejo

De chegar ao fim desta estrada

Antes que em minha cabeça um raio Caia

E eu acredite que tudo

Não passa de desgraça

A morte cavalga sozinha

Sim, sozinha, destemida

De encontro a vida

Que nós trás serena em seus braços

Ate o momento de nosso ultimo afago

E se não tomarmos cuidado

A viagem se vai

Sem que tenhamos apreciado

Tudo de bom que havia no caminho

Sozinha,

Cavalga a morte

Ate que tenhamos feito a nossa ultima despedida

E aceitamos

Que nunca houve verdadeira guarida

Para aquilo que nos no intimo

O sentido do nosso ser

O inverno vem e nesta ultima lufada

A fragancia de sangue se espalha

O ventro, traz zumbido

O barulho de cascos sobre terra molhada

Que vem ao meu encontro

No fim da jornada

A morte, que cavalga sozinha.