Aquela Nuvem Que Passa.

Venturosa vida, venturosos planos idos

Todos eles vãos. Num suspiro, todos findos

Nem alegrias, sonhos, agruras ou agonias.

Para alguns, a morte é o fim do que padece

Para mim, de outra sorte, tudo fenece...

O luar tão lindo. O mar. O sol que aquece.

Mas dói mais, dor sem termo, intensa. Conjecturar;

Que por mais que se ame, e se entregue,

Por mais que doemos, se lute, e se vença...

D’um minuto pro'utro não move um músculo

N’alguma hora, derradeira hora, vã, alguém o vele...

Num pungente, sarcástico e triste crepúsculo.

Há aqueles bem vivos que dizem, “dormiu”...

Outros; “quem morre descansa”... Ora, ora!

Viva eu sempre cansado, na pujança de novo dia.

Pois se a esperança é a última quem morre

Minha esperança é estar distante desta hora,

E que ninguém venha amenizar-me os ânimos.

Concluindo a frase: "que o diabo lhe carregue"...

Soa o dito ao fundo das cogitações ocultas

Que esta se amolde ao “outro” sempre

Viva eu cá mesmo que macambúzio e doente

__Arre! Como pesa o defunto. Alguém sentencia.

A brevidade tão enganosa soa-nos eternidade,

É uma sensação inexaurível de viver para sempre.

Mesmo cônscios de que morremos um dia

Aí se firmando fábulas, mitos e crendices,

Creditadas aos guetos e mais nobres fiordes

Porque antes de tudo somos carne, ossos e sangue.

O sábio diria entendem agora o que disse?

Sobre vaidades, correr atrás do vento e virtudes...

Que tudo passa: o apego, o materialismo... A verdade é...

Na juventude é onde mais se ilude!

Tu te vais, nós seguimos e assim “tola” a humanidade.

Um grande nada é o que somos... Perdura a ilusão.

Feitos de sol num céu azul suspenso, a vida,

Aérea, entre terra e céu, no fugaz arrebol.

Tal a visão do mais belo que no céu persiste

Em derradeiro instante, na noite negra, consumido.

Uma lágrima no lenço contida imitando a vida (interrompida).

Tua íris recolhendo os raios não mais existe.

Quando eu for entregue ao esquecimento

Ventos frígidos varreram folhas ao relento,

Rodopiando, enlevando-se ao firmamento

Em uivos, os cães latiram gélidos lamentos...

N’alguma laje, o nome cravado selará o tempo

Que apagar se á como se varre os pensamentos.

Lonely Day

https://youtu.be/JEGZuXDFiUE

Adonis Yehrow
Enviado por Adonis Yehrow em 01/03/2016
Reeditado em 01/03/2016
Código do texto: T5560583
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